quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Theodore Robert "Ted" Bundy




Picasso da comunidade dos seriais killers. Ted era bonito e charmoso, inteligente, seguro de si, com um futuro brilhante, e mais mortal que uma cascavel.

Usando sua boa aparência, ele era capaz de seqüestrar e matar suas vítimas sem que ninguém notasse e depois continuar com sua vida. Este estudante de direito e Jovem Republicano gostava de usar um torniquete no braço para parecer vulnerável e conseguir com que as mulheres o ajudassem com as compras. Uma vez que ele atraía suas vítimas para a porta do carro, ele batia e as levava embora para reservadamente desfrutar de sua mortes.

Ele preferia matar garotas bonitas de cabelo escuro do tipo chefe de torcida. Ele atacava suas presa com objetos rombudos e era fã de estuprar e morder suas vítimas. A marca da mordida em uma de suas vítimas foi usada como evidência contra ele no seu julgamento na Flórida.

Em 30 de dezembro de 1977, depois de uma tentativa que falhou,Ted escapou, enquanto esperava seu julgamento, por uma janela do tribunal e se mudou para Tallahassee, Flórida, perto da Universidade Estadual da Florida. Lá ele escreveu sua história de sangue, o "Guernica".

Em 15 de janeiro de 1978, ele partiu em uma noite de chacina e matou duas meninas e feriu duas outras ao redor do Chi Omega uma casa de república de mulheres em Tallahassee. Duas semanas depois ele roubou um furgão e matou Kimberly Leach, de 12 anos, em Lake City, Flórida, estado no qual passou a ser perseguido. O corpo da pobre Kimberly foi achado em um chiqueiro de porcos próximo a uma jaqueta xadrez que não era de Ted. Ela foi enterrada em um cemitério perto de uma planta de Purina debaixo de uma lápide em forma de coração com sua foto nela.

Ted se defendeu em julgamentos em Utah, Colorado e Flórida enquanto a polícia tentava reunir um rastro de meninas mortas que conduzissem a ele. Durante seus vários julgamentos, um Ted Bundy muito seguro de si se defendeu, recebendo elogios e uma legião de admiradoras. Depois de várias apelações Bundy foi eletrocutado pelo estado da Flórida em 1989. Para sua última refeição ele pediu bife, ovos, pão e café.

Vladimir Maiakóvski


Vladímir Maiakóvski nasceu e passou a infância na aldeia de Bagdádi, nos arredores de Kutaíssi (hoje Maiakóvski), na Geórgia - Rússia. Lá cursou o ginásio e, após a morte súbita do pai, a família ficou na miséria e transferiu-se para Moscou, onde Vladímir continuou seus estudos.

Fortemente impressionado pelo movimento revolucionário russo e impregnado desde cedo de obras socialistas, ingressou aos quinze anos na facção bolchevique do Partido Social-Democrático Operário Russo. Detido em duas ocasiões, foi solto por falta de provas, mas em 1909-1910 passou onze meses na prisão. Entrou na Escola de Belas Artes, onde se encontrou com David Burliuk, que foi o grande incentivador de sua iniciação poética. Os dois amigos fizeram parte do grupo fundador do assim chamado cubo-futurismo russo, ao lado de Khlébnikov, Kamiênski e outros.

Foram expulsos da Escola de Belas Artes. Procurando difundir suas concepções artísticas, realizaram viagens pela Rússia. Após a Revolução de Outubro, todo o grupo manifestou sua adesão ao novo regime. Durante a Guerra Civil, Maiakóvski se dedicou a desenhos e legendas para cartazes de propaganda e, no início da consolidação do novo Estado, exaltou campanhas sanitárias, fez publicidade de produtos diversos, etc. Fundou em 1923 a revista LEF (de Liévi Front, Frente de Esquerda), que reuniu a “esquerda das artes”, isto é, os escritores e artistas que pretendiam aliar a forma revolucionária a um conteúdo de renovação social. Fez inúmeras viagens pelo país, aparecendo diante de vastos auditórios para os quais lia os seus versos. Viajou também pela Europa Ocidental, México e Estados Unidos. Entrou freqüentemente em choque com os “burocratas’’ e com os que pretendiam reduzir a poesia a fórmulas simplistas.

Foi homem de grandes paixões, arrebatado e lírico, épico e satírico ao mesmo tempo.

Suicidou-se com um tiro em 1930. Sua obra, profundamente revolucionária na forma e nas idéias que defendeu, apresenta-se coerente, original, veemente, una. A linguagem que emprega é a do dia a dia, sem nenhuma consideração pela divisão em temas e vocábulos “poéticos” e “não-poéticos”, a par de uma constante elaboração, que vai desde a invenção vocabular até o inusitado arrojo das rimas. Ao mesmo tempo, o gosto pelo desmesurado, o hiperbólico, alia-se em sua poesia à dimensão crítico-satírica.

Criou longos poemas e quadras e dísticos que se gravam na memória; ensaios sobre a arte poética e artigos curtos de jornal; peças de forte sentido social e rápidas cenas sobre assuntos do dia; roteiros de cinema arrojados e fantasiosos e breves filmes de propaganda. Tem exercido influência profunda em todo o desenvolvimento da poesia russa moderna. (Boris Schnaiderman in "Poesia Russa Moderna", Editora Brasiliense, 1985).

Alguns de seus poemas:

E então, que quereis?...


Fiz ranger as folhas de jornal

abrindo-lhes as pálpebras piscantes.

E logo

de cada fronteira distante

subiu um cheiro de pólvora

perseguindo-me até em casa.

Nestes últimos vinte anos

nada de novo há

no rugir das tempestades.



Não estamos alegres,

é certo,

mas também por que razão

haveríamos de ficar tristes?

O mar da história

é agitado.

As ameaças

e as guerras

havemos de atravessá-las,

rompê-las ao meio,

cortando-as

como uma quilha corta

as ondas.



BLUSA FÁTUA

Costurarei calças pretas
com o veludo da minha garganta
e uma blusa amarela com três metros de poente.
pela Niévski do mundo, como criança grande,
andarei, donjuan, com ar de dândi.

Que a terra gema em sua mole indolência:
"Não viole o verde de as minhas primaveras!"
Mostrando os dentes, rirei ao sol com insolência:
"No asfalto liso hei de rolar as rimas veras!"

Não sei se é porque o céu é azul celeste
e a terra, amante, me estende as mãos ardentes
que eu faço versos alegres como marionetes
e afiados e precisos como palitar dentes!

Fêmeas, gamadas em minha carne, e esta
garota que me olha com amor de gêmea,
cubram-me de sorrisos, que eu, poeta,
com flores os bordarei na blusa cor de gema!

(tradução: Augusto de Campos)


A FLAUTA VÉRTEBRA

A todos vocês,
que eu amei e que eu amo,
ícones guardados num coração-caverna,
como quem num banquete ergue a taça e celebra,
repleto de versos levanto meu crânio.

Penso, mais de uma vez:
seria melhor talvez
pôr-me o ponto final de um balaço.
Em todo caso
eu
hoje vou dar meu concerto de adeus.

Memória!
Convoca aos salões do cérebro
um renque inumerável de amadas.
Verte o riso de pupila em pupila,
veste a noite de núpcias passadas.
De corpo a corpo verta a alegria.
esta noite ficará na História.
Hoje executarei meus versos
na flauta de minhas próprias vértebras.

(tradução: Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman)

Hans Ruedi Giger



Mais conhecido como H. R. Giger, este pintor, escultor e desenhista de cenários, de origem suíça, é o responsável por algumas das obras mais belas e obscuras que já pude presenciar. Seu estilo é único, para o bem e para o mal.

Abaixo temos algumas imagens de suas obras:








O Castelo de St. Germain, em Gruyères, na Suíça, é desde há dez anos o museu pessoal do excêntrico artista. Mas o museu de de Giger é muito mais. Aloja também a residência do artista, a sua galeria pessoal e, entre outras coisas, um fantástico bar.

O bar ficou concluído em 2003, após quatro anos de complexas obras onde Giger se empenhou pessoalmente para que tudo tomasse o aspecto que idealizara ao mínimo detalhe. Este foi o terceiro espaço deste género que concebeu, o primeiro foi em Tóquio e o outro na sua cidade natal, Chur, na Suíça. Na onda que o caracteriza, o artista concebeu o bar como uma enorme caverna biomórfica e sinistra que evoca o interior de qualquer animal monstruoso, pré-histórico e fossilizado. Vértebras, ossos e outros elementos biológicos são reproduzidos no betão, no bronze ou no plástico de modo inquietantemente realista.







sábado, 14 de novembro de 2009

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Die besten Klänge











E quando você pensa
que tudo está a melhorar,
supresas acontecem, mas são
surpresas que você já estava a esperar...

Nada mais útil, mas
também nada mais fútil
do que ter sua pretensa liberdade
sem saber como a aproveitar...




Livre de quê? Que importa a Zararustra! Mas o teu olhar deve dizer-me claramente: Livre para quê? Friedrich Nietzsche

Jack, o Estripador




A HISTÓRIA
Por cinco vezes um homem de aspecto insuspeito deslizou por entre o ambiente noturno de Whitechapel, em Londres. Por cinco vezes falou com mulheres da rua. E de cada uma das vezes a mulher morreu esfaqueada - a marca sangrenta do homem chamado Jack, o Estripador. Dezenas de detetives, amadores e profissionais, apresentaram teorias sobre a identidade deste homem. O mistério nunca foi desvendado. Os seus crimes brutais permanecem desconcertantes, fascinantes e insolúveis, um século depois de serem cometidos. Jack, o Estripador, iniciou o seu reinado de terror no ano de 1888 e com ele veio o receio e o pânico.

AS VÍTIMAS
Data: 31 de Agosto de 1888. Mary Ann ( Polly ) Nichols, prostituta de 42 anos, encontrava-se numa rua estreita de Buck’s Row. Um homem aproximou-se dela e Mary anteviu uma boa oportunidade de ganhar algum dinheiro.Mesmo quando ele a levou para a obscuridade, não se alarmou. Havia pessoas a alguns metros de distância. Quando se apercebeu do perigo era demasiado tarde. O Estripador agarrou-a por trás e tapou-lhe a boca com a mão, tendo, depois, lhe cortado a garganta. O corpo mutilado foi encontrado por um carroceiro às primeiras horas da manhã seguinte.

Exatamente sete dias depois, a 8 Setembro, o criminoso volta a atacar. A vítima foi, como seriam todas as outras, uma prostituta: Annie Chapman, de 47 anos. O seu corpo, totalmente retalhado pelo Estripador, foi encontrado por um dos porteiros do mercado de Spitalfields, num pátio das traseiras da casa nº 29 de Hanbury Street. As suas jóias e dinheiro tinham sido colocadas ordenadamente junto aos restos mortais do seu corpo. Correu o boato que o criminoso trazia as suas facas numa pequena mala preta o que originou uma autêntica perseguição a quem transportava malas desse tipo. A policia prendeu dezenas de suspeitos inocentes mas o Estripador não deixara qualquer pista. A única informação que possuíam era que o criminoso era canhoto e possuía alguns conhecimentos de medicina. Um cirurgião da policia declarou que os crimes tinham sido efetuados com destreza e bastante perícia.

Na noite de 30 de Setembro, o Estripador esfaqueou mais duas mulheres e deixou o que constituí provavelmente a única pista da sua sinistra carreira. Por detrás do nº 40 de Berner Street foi encontrada Elizabeth Stride com a garganta aberta de onde jorrava ainda o sangue.

Mas foi o corpo de Catharine Eddowes, que jazia alguns minutos daquele local, o mais mutilado de todos .O rasto de sangue estendia-se desde o corpo retalhado até à porta onde alguém escrevera a giz " Os judeus não são culpados de nada" . Seria o Estripador um judeu que se vingava de um mundo que o perseguia? Ou tratava-se de um juiz enlouquecido que se tornara o seu próprio carrasco? A mensagem, fosse qual fosse o seu significado, poderia ter sido vital. Mas nunca foi devidamente estudada, pois, misteriosa e inexplicavelmente, o chefe da policia, Sir Charles Warren, ordenou que fosse apagada.

No dia 9 de Novembro o assassino volta a atacar. A vítima é uma jovem de 25 anos chamada Mary Kelly e seu corpo foi encontrado, desmembrado, no seu quarto, no nº13 de Miller’s Court. Mary foi, pelo que se julga, a ultima vitima do Estripador, que não voltou a repetir os seus crimes.

OS SUSPEITOS
Dos muitos suspeitos interrogados e perseguidos pela policia, três deles centravam as suas atenções: um medico russo homicida de nome Michael Ostrog, um judeu polaco que odiava mulheres chamado Aaxon Kosminski e um advogado depravado, de nome Montague John Druitt. Foi este último o considerado culpado de todos estes terríveis crimes, porém, Druitt nunca foi preso tendo desaparecido pouco tempo após o último assassínio. O seu corpo foi encontrado a flutuar no Tamisa sete semanas mais tarde, no dia 31 de Dezembro de 1888
Seria ele mesmo o criminoso?
Só uma pessoa poderia responder a esta pergunta ...... o próprio Jack, o Estripador.

La piedra no tiene dudas

La piedra no tiene dudas, no tiene necesidad de expresarse y es eterna, vive durante milenios.



Mientras yo soy sólo un fenómeno pasajero que se consume en emociones de cualquier genero, como una llama que arde con rapidez y después se apaga.



Yo era sólo la suma de mis emociones y cualquier otra cosa en mi era la piedra por la que no pasaba el tiempo.



Estaba siempre a la búsqueda de algo misterioso, me sumergía en la naturaleza casi me confundía en su extensa esencia, fuera del mundo de los hombres.



Hoy como entonces soy un solitario, porque conozco e intuyo cosas que los demás ignoran y prefieren ignorar.



Carl G. JUNG

Silêncio, de Edgar Allan Poe


Escuta - disse o demônio, pousando a mão sobre a minha cabeça. - O país de
que te falo é um país lúgubre, na Líbia, às margens do rio Zaire. E ali não há
repouso nem silêncio. As águas do rio, amarelas e insalubres, não correm para
o mar, mas palpitam sempre sob o olhar ardente do Sol, com um movimento
convulsivo. De cada lado do rio, sobre as margens lodosas, estende-se ao
longe um deserto sombrio de gigantescos nenúfares, que suspiram na solidão,
erguendo para o céu os longos pescoços espectrais e meneando tristemente as
cabeças sempiternas. E do meio deles sai um sussurro confuso, semelhante ao
murmúrio de uma torrente subterrânea. E os nenúfares, voltados uns para os
outros, suspiram na solidão.

E o seu império tem por limite uma floresta alta, cerrada, medonha! Lá, -
como as vagas em torno das Híbridas, pequenos arbustos agitam-se sem
repouso, contudo não há vento no céu! - e as grandes árvores primitivas
oscilam continuamente, com um estrépito enorme. E dos seus cumes elevados
filtra, gota a gota, um orvalho eterno. A seus pés contorcem-se num sono
agitado, flores desconhecidas - venenosas. E por cima das suas cabeças, com
um ruge-ruge retumbante, precipitam-se as nuvens negras a caminho do
ocidente, até rolarem as cataratas para trás da muralha abrasada do horizonte.

E nas margens do rio Zaire há repouso nem silêncio.
Era noite e a chuva caía enquanto caía, era água mas quando chegava ao chão
era sangue! E eu estava na planície lodosa, por entre os nenúfares, vendo a
chuva que caía sobre mim. E os nenúfares voltados uns para os outros suspira
na solenidade da sua desolação.

De repente apareceu a lua através do nevoeiro fúnebre vinha toda carmesim! e
o meu olhar caiu sobre um rochedo enorme, sombrio, que se erguia a borda do
Zaire, refletindo a claridade da lua; era um rochedo sombrio sinistro de uma
altura descomunal!

Sobre o seu cume estavam gravadas algumas letras. Caminhei através dos
pântanos de nenúfares, até a margem para ler as letras gravadas na pedra; mas
não pude decifrá-las. Ia voltar quando a lua brilhou mais viva e mais
vermelha; olhando outra vez para o rochedo distingui só caracteres. E esses
caracteres diziam: desolação.

Levantei os olhos; na crista do rochedo estava um homem de figura majestosa.
Pendia-lhe dos ombros a antiga toga romana, cobrindo-se até aos pés. Os
contornos da sua pessoa não se distinguiam, mas as feições eram as da
divindade porque brilhavam através da escuridão da noite a do nevoeiro.
Tinha a fronte alta e pensativa, os olhos profundos e melancólicos Nas rugas
do semblante, liam-se as legendas da desgraça e da fadiga o aborrecimento da
humanidade e o amor da solidão Escondi-me no meio dos nenúfares para ver o
que aquele homem fazia ali.

E o homem assentou-se no rochedo, deixou pender a cabeça sobre a mão e
espraiou a vista pela soledade, contemplou os arbustos buliçosos e as grandes
árvores primitivas; depois, ergueu os olhos para a céu a para a lua carmesim.
Eu observava as ações do homem escondido no meio dos nenúfares e o
homem tremia na solidão. Todavia a noite avançava e ele continuava
assentado sobre o rochedo.

Então o homem desviou os olhos do céu para o rio lúgubre para as águas
amarelas do Zaire, e para as legiões sinistras dos nenúfares; escutou-lhes os
suspiros melancólicos e as oscilações murmurantes E eu o espreitava sempre,
do meu esconderijo e o homem tremia na solidão. Todavia a noite avançava e
ele continuava assentado sobre o rochedo.

Embrenhei-me na profundezas longínquas do pântano, caminhei sobre e as
flores dos nenúfares e chamei os hipopótamos que habitavam a espessura do
bosque E os hipopótamos ouviram o meu chamado e vieram os Behemothes
até o pé do rochedo e soltaram um rugido medonho E eu, escondido por entre
os nenúfares, espreitava os movimentos do homem e o homem tremia na
solidão. Todavia a noite avançava e ele continuava assentado sobre o rochedo
Então invoquei os elementos e uma tempestade horrorosa rosa sobreveio. E o
céu tornou-se lívido pela violência da tempestade e a chuva caía em torrente
sobre a cabeça do homem e as ondas do rio transbordavam e o rio espumava
enfurecido e os nenúfares suspiravam com mais força, e a floresta debatia-se
com o vento, e o trovão ribombava e os raios flamejavam, e o rochedo
estremecia.

Irritei-me e amaldiçoei a tempestade, o rio e os nenúfares, o vento e as
floresta, o céu e o trovão E na minha maldição os elementos emudeceram e a
lua parou na sua carreira, e o trovão expirou e o raio deixou de faiscar, e as
nuvens ficaram imóveis e as águas tornaram n repousar no seu imenso leito, e
as árvores cessaram de se agitar, e os nenúfares não suspiraram mais e na
floresta não se tornou a ouvir o mínimo murmúrio, nem a sombra de um som
no vasto deserto sem limites. Olhei para os caracteres escritos no rochedo e os
caracteres diziam agora: Silêncio.

Volvi outra vez os olhos para o homem, e o seu rosto estava pálido de terror.
De repente, levantou a cabeça, ergueu-se sobre o rochedo e pôs o ouvido à
escuta. Mas não se ouviu nem uma voz no deserto ilimitado E os caracteres
gravados no rochedo diziam sempre: Silêncio. E o homem estremeceu e fugiu
e para tão longe fugiu que jamais o tornei a ver.

Ora, os livros dos magos, os melancólicos livros dos magos encerram belos
contos, esplêndidas histórias do céu, da terra e do mar poderosos; dos gênios
que têm reinado sobre a terra, sobre o mar e sobre o céu sublime. Há muita
ciência na palavra das Sibilas. E das florestas sombrias de Dodona saíam
outrora oráculos profundos.

Mas jamais se ouviu uma história tão espantosa como esta! Foi o demônio que
ma contou, assentado ao um lado, na solidão do túmulo. Quando acabou de
falar, desatou a rir e como não pudesse rir com ele, amaldiçoou-me. Então o
lince, que vive eternamente no túmulo, saiu do seu esconderijo e veio deitar-se
aos pés do demônio, olhando-o fixamente nas pupilas.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Die besten Klänge



Outra de Mário e Júlia

Texto retirado do excelente "Boemia, aqui me tens de regresso"

Júlia esta dormindo sentada no sofá da sala, a televisão está ligada e ouve-se um barulho de chaves do outro lado da porta. É Mário que tenta entrar de mansinho em casa, ele saiu dizendo que ia entregar uma furadeira na casa de um amigo, que mora no prédio do lado. Mas isso foi há quatro horas atrás, Mário até ligou dizendo que ficaria lá por uma meia hora. Pelo jeito a conversa estava boa na casa do amigo.


Ele cuidadosamente abre a porta e antes de entrar tira o tênis. Na ponta dos pés vai entrando em casa. O único barulho na sala é o som baixinho da tv, Mário encosta a porta e verifica se Júlia ainda está dormindo. Ela parece estar cochilando pesado, mas ele acha prudente não fazer barulho e segue em direção ao corredor. Quando de repente, não mais que de repente, ouve-se um grito.


- Seu grandessíssimo filho de um quenga!
- Júlia, espera.. eu..
- Espera o quê, seu vagabundo?
- Júlia...
- Cale sua boca e me deixa falar.
- Mas...
- Não nada de mas. Estou farta de suas “saídas rápidas” e mais ainda de suas desculpas esfarrapadas.
- Calma Ju, eu só...
- Calma? Calma é tudo que eu menos preciso agora. Seu calhorda, bandido, safado, cachorro, vadio. Como você me deixa nervosa.
- Mas Ju...
- Mas, mas, mas o quê? O quê você quer? Vamos me diga.
- Eu quero...
- Você não tem que querer nada. Você não está em condições de querer nada. E olha só para você. Te conheço, você estava tomando cerveja, não é?
- Amor, eu só...
- Não vem me agradando não, seu cachorro.
- Não fala assim.
- Ta bom, só me responde uma coisa. Isso é hora de chegar em casa?
- Amor, eu não estou chegando, só vim buscar o violão.

Fim



Distantes vias que se cruzam
através de montanhas sombrias
sob a suave brisa da noite e
sob a leve égide d'um bourbon...

Assim passo as noites,
desejando que assim também
fossem os dias, mas, ao voltar a razão
visualiso a impossibilidade deste desejo...

As imagens adentram meus pensamentos,
onde Eros e Tânatos se encontravam tranquilos,
pois a lei da natureza assim os deixa
como me tem deixado prosseguir...

E nada mais é igual,
não mais do que deveria ser,
mas nada também mudou
e assim o inefável continua em seu rumo...